Retour Contextos sociais e a clínica - Seminário profissional

Um seminário com Yannis Gansel (17 de janeiro de 2018)

O primeiro seminário “Comportamento disruptivo em crianças: contextos sociais na clínica” foi realizado em 17 de janeiro de 2018 na Universidade Paris Descartes.

O que acontece com o contexto social nos cuidados de saúde mental para crianças? A prática clínica e a pesquisa em ciências sociais são confrontadas com essa questão. Como devem ser levados em conta o ambiente familiar, os fatores socioculturais, as trajetórias sociais e migratórias? Como as práticas clínicas e a teoria integram esses aspectos? Como construir um diálogo frutífero entre as ciências sociais e o pensamento clínico sobre essas questões?

Essas indagações constituíram o fio desta primeira sessão interdisciplinar colaborativa. Yannis Gansel, psiquiatra infantil e antropólogo (Hospices civils de Lyon/IHRIM), refletiu sobre como sua pesquisa de doutorado e sua prática profissional se alimentam mutuamente.

A apresentação abriu uma discussão sobre os cruzamentos entre abordagens antropológicas, sociológicas e clínicas sobre comportamentos infantis disruptivos. Essa discussão começou com três curtos comentários complementares de: Eunice Nakamura (antropóloga da Universidade Federal de São Paulo, Brasil), Florent Bass (psicóloga do hospital-dia no CMPP) e Isabelle Coutant (socióloga, CNRS).

Diversos temas foram explorados durante a sessão:

  • Como o contexto social afeta os transtornos? É um elemento contextual que piora ou atenua o transtorno “do lado de fora”? Será um elemento associado ao transtorno, mas que, de alguma forma, pode ser isolado ou é parte integrante dele?
  • Como as práticas de cuidado se adaptam aos contextos sociais específicos, particularmente ao gerenciar comportamentos disruptivos?
  • O que os profissionais fazem do contexto social? Os elementos contextuais são usados ​​apenas quando descrevem uma situação, ou são incorporados na análise clínica? Se sim, como isso é feito? Quais são as representações dos profissionais das diferenças sociais?
  • Trabalhando com famílias de diferentes origens sociais ou culturas: algumas abordagens teóricas lidaram com essas questões, sendo a etnopsiquiatria uma das mais proeminentes. Qual é a relevância atual delas? Como a sensibilidade ao contexto social pode ser expressa hoje na prática clínica? Podemos imaginar uma sociopsiquiatria que considere as diferenças entre grupos sociais específicos?
  • Como o trabalho clínico deve proceder para levar em conta o contexto social? Como o trabalho social é integrado nas equipes de saúde? E a multidisciplinaridade e os papéis de cada um?
  • Qual papel poderia desempenhar as ciências sociais no avanço dessas questões? Que formas de colaboração e intercâmbio as ciências sociais e a psiquiatria devem construir para seguir nessa direção?